Contos
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Stalker.

 

Olhava pela janela, vendo as pessoas transitarem na rua, algumas rápidas, outras calmas. Ouvi um barulho vindo do céu e logo depois, o início de uma chuva.

As pessoas logo trataram de andar mais rápido até chegarem em uma região coberta. Entretanto, uma pessoa parecia não se preocupar. Olhei-o atentamente, seus cabelos negros como céu a meia-noite, seus olhos que de longe pareciam ser um castanho mel, pele pálida. Bem alto ao meu ver.

Percebo que ele me encara como um felino. Eu o conhecia, conhecia muito bem...

Saí correndo pela rua atrás dele, nem me importando com a chuva torrencial molhando minhas vestes. ''Tia Clara vai pirar quando me ver'', ri com meu pensamento, mas logo o afugentei, tendo mais foco em meu perseguidor. 

Vendo que eu corria em sua direção, ele adentrou a densa floresta atrás de si. Não me importei com as pessoas curiosas olhando atentamente, provavelmente algumas estariam pensando ''ela só pode ser maluca''.

Pouco ligo, vai ver eu realmente sou.

Parei quando percebi que estava perdida. Observei as laterais, procurando minusiosamente aquele homem.

-Eu não acredito que saí correndo rumo a nada. - Esbravejei. Sentei-me em uma pedra e fitei a chuva incessante.

Levantei e comecei a caminhar tentando encontrar a saída daquele local.

-Presa ou caçador? -Ouvi alguém falar atrás de mim. Era ele, só podia ser ele.

Virei-me, o olhando atentamente.

-O que quer dizer?-Questionei.

-Você é a presa ou o caçador?- Refez a pergunta. Não estava entendendo a essência do assunto, mas decidi não questionar mais, apenas argumentar.

-Eu só vou saber o que sou quando você me dizer o que é. Então, presa ou caçador?-Ele direcionou para mim um sorriso sarcástico, um tanto impressionado.

-Os dois.- Olhei-o confusa, mas ele limitou-se a explicar.

-Então eu não sei o que sou.

-Eu sei de quem você é.- Foi chegando mais perto, fazendo minhas costas ficarem coladas na árvore e meu peito roçar no seu. Ele me olhava de cima, não tirando o sorriso sádico de seu rosto, fazendo-me ficar intimidada.

-Oras, como assim? Eu sou de meus pais.- Disse em um fio de voz. Ele balançou a cabeça em desaprovo.

-Você não tem pais Mia.- Apenas fechei meus olhos, eu sabia que ele me conhecia, muito bem a propósito.

-Mas eu pertenço a alguém.

-Concordo. Esse alguém sou eu.- Minha expressão era triste, vazia como minha mente, oca como meu coração.

-Você demorou a vir.- Levantei meu olhar ao seu, ambos estávamos inexpressivos.

-Eu vim na hora certa.- Tirou uma faca do cós de sua calça.

''Então era esse o meu fim. Tão trágico, obviamente para você, eu acho incrível, o vício mórbido e sádico dele me fascina. O mais interessante é que eu procurei por aquilo.

A curiosidade matou o gato, no caso, a Mia''

                                                                                     -Mia Moon.